África

Yamore

Lá no...

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LÁ NO ÁGUA GRANDE



Lá no "Água Grande" a caminho da roça
negritas batem que batem co'a roupa na pedra.
Batem e cantam modinhas da terra.

Cantam e riem em riso de mofa
histórias contadas, arrastadas pelo vento.

Riem alto de rijo, com a roupa na pedra
e põem de branco a roupa lavada.

As crianças brincam e a água canta.
Brincam na água felizes...
Velam no capim um negrito pequenino.

E os gemidos cantados das negritas lá do rio
ficam mudos lá na hora do regresso...
Jazem quedos no regresso para a roça.


ALDA
DO ESPÍRITO SANTO

Lej Lej...

Tara Fuki - Lej lej
Enviado por Indies_scope

O cão, a minha mãe e...

"O cão, a minha mãe e o pão com manteiga"...este foi o título de uma carta mail ao DN Magazine aqui há uns anitos. O assunto é de 2006.
Revi-o hoje, num dos espaços onde costumava partilhar tudo o que me emocionava -- antes de ter este espaço..
Trago-o pois, do meu Bric-à-Brac de Emoções de 2006 para o meu actual cantinho.

***



O cão, a minha mãe e o pão com manteiga...



"Nasci em Lisboa e presto muita atenção ao que me dizem.
Gosto bué de banda desenhada e de geografia.

Quando for grande não quero ser electricista, médico, carpinteiro, engenheiro nem vendedor de nada.

Quero ser como o Robin dos Bosques. Assim podia ajudar as pessoas cá da minha rua que são todas parecidas. Pobres até dizer chega!

Tenho colegas que estão sempre a <<galar>> o meu pão com manteiga. Se me descuido, lá vai ele.

Os meus pais saem cedo de casa e pelas nove horas lá vou para a escola. Depois, quando volto a casa, vejo uns livros ou vou brincar com o Pimpão, um cão rafeiro do meu amigo senhor Emílio, um vizinho fixe de setenta e tal anos.

Conta-me histórias do arco-da-velha. O Pimpão às vezes rosna-me e eu rosno-lhe a ele. Fica todo contente, lambe-me as mãos e dá muito ao rabo.

Também tenho alguns amigos, mas de quem eu gosto mais é do cão, da minha mãe e de pão com manteiga. "


--- David Oliveira, 12 anos ( Queluz) ---


Que bom sabermos que, ainda existem crianças assim! Isto dá-nos esperança. Nem tudo estará perdido...

Interlúdio

As palavras estão muito ditas
e o mundo muito pensado.
Fico ao teu lado.

Não me digas que há futuro
nem passado.
Deixa o presente - claro muro
sem coisas escritas.

Deixa o presente. Não fales,
Não me expliques o presente,
pois é tudo demasiado.

Em águas de eternamente,
o cometa dos meus males
afunda, desarvorado.

Fico ao teu lado.

Cecília Meireles